28/02/08



... devagar...
muito devagar
passos calçando ternura
controem-se pontes

tão frágeis
...tão seguras...

26/02/08



Amo o teu túmido candor de astro
a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescência de segredo
a tua fragilidade acesa sempre altiva

Por ti eu sou a leve segurança de um peito
que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata

Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar

Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto


António Ramos Rosa in O Teu Rosto(1994)

21/02/08

voo no dorso do verso
afago breve de mão fugidia
…horizonte que tarda em chegar …

20/02/08


recebi um destes dias este mimo que, orgulhosa e disfarçadamente, ostento no cantinho inferior direito deste humilde blogue, oferecido por Cantares de amigo e Pequenos Nadas, com a indicação de passá-lo a outros sete blogues que reunissem em meu entender as seguintes condições:

" sabe aquele blog do tipo que, apesar da sua vida corrida, com milhões de relatórios pra entregar, clientes pra recepcionar, patrão te enchendo o saco, você não pode deixar de dar uma olhadinha para conferir as novidades? aquele blog que você lê todo santo dia, mesmo que não haja novidades? aquele tipo que, no trabalho, ou numa caminhada, ou num churrasco entre amigos, você não vê a hora de acessar a internet pra dar uma olhadinha? enfim... pra atalhar... aquele blog que não te sai da cabeça???presenteie, então, o autor desse blog com esse selo..."

Então as minhas escolhas são:

oitava edição

selos difusos

linha de cabotagem

na dualidade da cor

passages

as mãos por dentro do corpo

un-dress

Levem-no que é vosso...

15/02/08


Melodia apenas
- sem caveiras de fogo
a iluminarem o pensamento das pedras.

Melodia apenas
- sem o suor das mãos dadas
no guiar dos labirintos.

Melodia apenas
- sem as lágrimas por dentro das flores
a queimarem o coração dos mortos.

Melodia apenas
dos pássaros ocos
a cantarem nas àrvores
a repetição emplumada
do cio do primeiro mundo...

Vem, melodia!

Melodia apenas.


José Gomes Ferreira in Poeta Militante

09/02/08

... os muros e as paredes ...

densos nevoeiros
de cinzentos impossíveis

mesmo assim brilhas
e respingas de sol o meu olhar

05/02/08


um leve bater de asas
…foi quanto durou…

não tivessem teus olhos
a mais perfeita das cores
e jamais saberia
da palavra poema