...E nunca se amará ninguém melhor;
Tu calando de mim o teu amor,
Sem que eu nunca do meu te diga nada...

 Florbela Espanca in A Mensageira da Violeta

Pressinto

transparência nas asas
aguarela salpicada de oceano
simples rasgo de sol cortando brumas

Já perto avista-se luz no farol

"Amainaste as tempestades que pareciam infindáveis e aconchegaste-me no regaço onde teimo em repousar"

Queima o sangue um fogo de desejo,
De desejo a alma é ferida,
Dá-me os teus lábios: o teu beijo
É o meu vinho e minha mirra.
Reclina para mim a cabeça
Ternamente, faz que eu durma
Sereno até que sopre um dia alegre
E se dissipe a névoa nocturna.

Aleksandr Púchkin, in «O Cavaleiro de Bronze e Outros Poemas»

Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.


(Fernando Pessoa)

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco.

Mário Cesariny, in Pena Capital

do melhor de L'arpeggiata

Once upon a time in February...




"...A coluna onde me esperavas e o mundo desfazendo os contrários..."

Sabedoria do Mundo

Não fiques em terreno plano.
Não subas muito alto.
O mais belo olhar sobre o mundo
Está a meia encosta.

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

Landscapes: Volume Two from Dustin Farrell on Vimeo.