“…Talvez nunca ninguém tenha baptizado pedras, mas Manuel deu nome a muitas. De tanto viver com elas, chegou ao ponto de lhes falar.
De lhes dar os bons dias e desejar boa noite. Com ar sério, com sentimento a sério. Precisava delas para se sentar, para subir mais alto e avistar mais longe, para se deitar á sua sombra. E a gente ama aquilo de que precisa e dá nome àquilo que ama.
Os nomes eram todos de mulheres, o que as tornava mais belas. E algumas tinham diminutivos, como se pudessem crescer.
Num recôndito aonde não havia quem fosse, e se lá fosse, não seria visto nem poderia ver ninguém, estava plantada uma pedra de que nunca precisara. Por isso não tinha nome. Se ali falasse sozinho não o chamariam maluco. Se ali chorasse, não lhe diriam que era um maricas. Na segunda-feira, foi até junto dela. E a pedra passou a ter nome..”
Daniel de Sá
(O Pastor das Casas Mortas)
6 comentários:
Ad astra,
Ao ler este excerto, de imediato me recordei deuma coisa que li recentemente, e pela qual fiquei fascinada: O Perfumista!
Aliás, deixei-o no meu cantinho!!!
O sentir da natureza, os nome das coisas, a proximidade dos elementos na vida humana...
Acho que vou já seguir a tua pista!!!!
BRIGADOS!!!!!!
Bjks
Ad astra,
como te disse, fui logo atrás da pista...
mas não consigo encontrar a editora da obra!!!!
foi editada só nos Açores????? É de uma editora sem difusão no continente???
Gostaria, se pudesses, que me desses a informação, porque me parece um livro muito interessante!!!
Bjkas
...o conforto no conhecido nas brumas dos lugares percorridos...
um beijo
Avelã:realmente o livro é de uma editora açoreana, a "Veraçor Editores" e penso que o livro não está à venda ainda no Continente de qualquer forma o contacto é " www.veracor.pt"
Bj
Ad astra,
Brigados!!!!!
Vou já procurar...acho que vai valer a pena!!!!
Bjks
Amida ad astra,
Gostei mesmo muito deste texto sobre as pedras e o seu nome. Estao aí, acompanhando-nos em silêncio. Talvéz também tenham alma.Quem sabe.
Bjs
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