19/04/08



poema (2)

De tarde, no campo, nenhum pássaro cantou;
e só neste fim de dia um vento traz o assobio
da primavera melancólica: despedidas,
imagens breves, nenhuma inspiração. O sopro nocturno,
porém, anuncia um reflexo de espelho no fundo
do corredor. A voz surge de um dos quartos
em que a ausência se perde. Um baço
murmúrio se aproxima do gemido que evoca
o mar - sem que a onda se decida, quebrando
o som agonizante. Então, abro a porta
e chamo-te; sabendo que só a noite me responderá.

Nuno Júdice in Poesia Reunida 1967 -2000

10 comentários:

nana disse...

a voz surge

no silêncio da memória


....




um beijo, ad astra.

por isto
e por tudo.

@-,-'-

Joana Roque Lino disse...

nenhum pássaro cantou, mas a noite responderá... um beijo grande.

tchi disse...

Nem sempre a noite tem a resposta que esperamos ou queremos ouvir. Nem sempre a noite nos diz...

Beijinho.

Gi disse...

responde a noite e eu :)

este poema é magnífico e a imagem que o ilustra é linda.

Um beijo

E. Raposo disse...

Espirrei,
tropecei,
caí,
depois levantei-me
e agora estou aqui.

Anónimo disse...

in@rq:
espirrar é bom, há quem acredite que expulsa bactérias nocivas ao organismo; cair e levantar também é bom principalmente se soubermos haver sempre uma pomadinha Voltaren à mão para esfregar nos joelhitos, e vir aqui...bem vir aqui..é só...vir aqui..
4C-A

Joana Roque Lino disse...

deixo-te outra beijoca... :). até logo.

Dalaila disse...

e os sussurros da noite e o vento trazem-te

E. Raposo disse...

Aqui escreve-se muito a sério.

avelaneiraflorida disse...

Querida Ad Astra,

que coincidência...escolhemos ambas Nuno Júdice!!!!

Bjkas!!!