27/03/12


Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco.

Mário Cesariny, in Pena Capital

3 comentários:

hfm disse...

Em todas as ruas...belíssimo!

Mar Arável disse...

Uma vez mais

o ciclo das marés

Carlos Ramos disse...

Do grande Cesariny, junto-me á homenagem. Comovo-me sempre que leio este poema.