28/09/07

Ilhas de bruma


Por isso é que eu sou das ilhas de bruma

Onde as gaivotas vão beijar a terra

É que nas veias corre-me basalto negro

No coração a ardência das caldeiras

O mar imenso me enche a alma

E tenho verde, tanto verde a indicar-me a esperança

27/09/07

1957 - 2007

No dia 27 de Setembro de 1957 iniciou-se uma erupção submarina ao largo do Farol dos Capelinhos, na Ilha do Faial. O Vulcão dos Capelinhos, para além de constituir um marco histórico da vulcanologia mundial, pelos estudos e ensinamentos que proporcionou, marcou decisivamente a história de uma Ilha e de uma Região.

26/09/07

“Phyrrula murina”

E hoje resolvi falar de uma ave com a qual tenho uma relação de especial carinho.
Talvez por ser tão frágil e pequena, talvez por se encontrar em vias de extinção, facto é que gosto muito deste "passarinho".

Eis o PRIOLO:

O Priolo, de nome científico “Phyrrula murina”, é uma ave de pequenas dimensões, com um peso médio de 30 gramas e cerca de 16 centímetros de comprimento, característica pelo seu aspecto robusto e altivo, com uma coroa negra na cabeça, bico igualmente negro, curto e forte e uma cauda preta, que se alimenta exclusivamente de vegetação.

Esta ave que só existe nos Açores está ameaçada de extinção.
De acordo com o ultimo censo realizado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) existem cerca de 490 priolos, que vivem circunscritos a uma área de 6.000 hectares de floresta, na zona Oriental de S. Miguel, já classificada como protecção especial.

A partir do próximo mês de Outubro a ilha de S.Miguel vai dispor de um centro ambiental dedicado ao priolo, no Parque Florestal da Cancela do Cinzeiro, no Nordeste.

Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei de fazer das minhas sensações,
Não sei o hei-de ser comigo.
Quero que ela me diga qualquer coisa para eu acordar de novo.

Quem ama é diferente de quem é.
É a mesma pessoa sem ninguém.

O Pastor Amoroso - Alberto Caeiro

24/09/07

despem-se cinzas e véus
e cantares de bruma sombria
bailam sopros idílicos de cor
só tu acendes o sol

23/09/07



Porque hoje é Domingo aqui está uma prenda: RENÉE FLEMING numa interpretação fantástica de "Un bel di vedremo" da ópera Madame Butterfly de Puccini
Vá la digam que não gostam…

21/09/07


Se deste outono uma folha,

apenas uma, se desprendesse

da sua cabeleira ruiva,

sonolenta,

e sobre ela a mão

com o azul do ar escrevesse

um nome, somente um nome,

seria o mais aéreo

de quantos tem a terra,

a terra quente e tão avara

de alegria.


Eugénio de Andrade

18/09/07


antes que se dilate a sombra da noite
o anjo branco faz a sua aparição
e fechando-se em minhas pálpebras, e abrigado nelas
expulsa com sua espada de fogo o mundo hostil que gira às escuras

e não há negro para ele nem para mim

17/09/07

Lost… in translation



пришел к тебе с приветом...

Я пришел к тебе с приветом,
Рассказать, что солнце встало,
Что оно горячим светом
По листам затрепетало;

Рассказать, что лес проснулся,
Весь проснулся, веткой каждой,
Каждой птицей встрепенулся
И весенней полон жаждой;

Рассказать, что с той же страстью,
Как вчера, пришел я снова,
Что душа все так же счастью
И тебе служить готова;

Рассказать, что отовсюду
На меня весельем веет,
Что не знаю, сам что буду
Петь, но только песня зреет

Afanasii Fet

16/09/07

Edward Pothast - Looking out to Sea

“Chegaste. Eu não te esperava. Contigo trouxeste a ternura, o desejo e, mais tarde o medo. Chegaste e eu não conhecia essa ternura, esse desejo. Em casa, no meu quarto, neste quarto, revi os teus olhos na memória, a ternura, o desejo. E, depois, aquilo que eu sabia, o medo. E passou tempo. Eu e tu sentimos esse tempo a passar mas, quando nos encontramos de novo, soubemos que não nos tínhamos separado”

José Luís Peixoto; excerto de “Capricórnio a seus Pés” in Antídoto

Sebastião Alba - Ninguém meu amor

Piet Mondrian, Mill in Sunlight, 1908


Ninguém meu amor

ninguém como nós conhece o sol

Podem utilizá-lo nos espelhos

apagar com ele

os barcos de papel dos nossos lagos

podem obrigá-los a parar

à entrada das casas mais baixas

podem ainda fazer

com que a noite gravite

hoje do mesmo lado

ninguém como nós conhece o sol

Até que o sol degole

o horizonte em que um a um

nos deitam

vendando-nos os olhos


in «A Noite Dividida»

14/09/07


O tempo passa
A vida passa
Eu passo

Com o passo no compasso
Com o passo em descompasso

Passam os dias
Em passo lento
Em passo apressado

E eu passo
E a vida passa
E o tempo passa

E tudo passa ...