20/05/08

Foto de Zé Pedro



"Movimentos"

Apertei mais a tua mão presa na minha e senti-te subitamente longe. Dobrei mais ainda os dedos sobre os teus quase fincando as unhas, sentindo a pele quente, os dedos compridos, firmes, toda a tua mão como que todo o teu corpo. A saudade, a distância do teu corpo, a distância da tua mão ali na minha. O teu perfil recorta-se na quase total escuridão da sala. Desvio os olhos de ti e fixo-os no ecran brilhante, luminoso; o teu perfil persiste sobrepondo-se à rapariga que canta (...)


Subitamente distante encolho-me e sinto-me tão só que aperto mais os dedos sobre os teus numa espécie de arrepio e torno-te a olhar o perfil correcto desenhado e frio na obscuridade da sala. Nos meus ombros a ausência do teu braço cria um vazio, uma ferida, uma cicatriz dolorosa. (...)



Maria Teresa Horta in Ambas as mãos sobre o corpo

9 comentários:

Joana Roque Lino disse...

Deixo-te um abraço forte. Bj imenso.

samuel disse...

A solidão "acompanhada" pode ser terrível... mas pode originar belos textos como este.

Abreijos

~pi disse...

rosas que te abracem ~

un dress disse...

... nuvens que

caminhos

tracem

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beijO

avelaneiraflorida disse...

Querida Ad Astra,

um excerto belíssimo!!!!
A prosa de quem sabe sentir as palavras da poesia!!!
Bjkas!!!

Maria Laura disse...

Terrível esta solidão a dois. Terrível a distância de quem está próximo.
Um belíssimo excerto.

Dalaila disse...

a solidão às vezes cresce dentro

E. Raposo disse...

Quando a solidão cresce fora é um caso sério. :|

Ah pois, estás á espera da previsão do estado do tempo para o fim-de-semana, não é?

Pois mas desta vez só te digo que vai fazer sol, muito sol. sol para todos. Tanto sol mesmo que poderás fazer umas sardinhas assadas.

Ah!, e se o sol não aparecer por cá é porque está em outro sitio.

E "prentes", já disse asneiras o suficiente.

susemad disse...

Gostei imenso deste pequeno texto! Vou apertar a tua mão e assim mostro-te o quanto gostei de ler estas palavras.