25/07/09


Magnificat

Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, Quem tens lá no fundo?
É Esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma: será dia!

Álvaro de Campos - Obras Completas

7 comentários:

hfm disse...

Sempre ele na sua poética sabedoria!

Dalaila disse...

dia que nos abraça!

Mar Arável disse...

Boa memória

~pi disse...

magnificat uterino

[ belo como tu,



beijo



~

samuel disse...

Que se faça dia!
Bela escolha!

Abreijo.

tchi disse...

O dia todos os instantes.

Beijinhos.

Anónimo disse...

São sempre palavras que eu "escreveria", como se falassem do meu coração.