Como se não tivesse substância e de membros apagados.
Desejaria enrolar-me numa folha e dormir na sombra.
E germinar no sono, germinar na árvore.
Tudo acabaria na noite, lentamente, sob uma chuva densa.
Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada.
No encontro e no abandono, na última nudez,
respiraria ao ritmo do vento, na relação mais viva.
Seria de novo o gérmen que fui, o rosto indivisível.
E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila
e o repouso do ser no ser, os seus obscuros terraços.
Entre rumores e rios a morte perder-se-ia.
Desejaria enrolar-me numa folha e dormir na sombra.
E germinar no sono, germinar na árvore.
Tudo acabaria na noite, lentamente, sob uma chuva densa.
Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada.
No encontro e no abandono, na última nudez,
respiraria ao ritmo do vento, na relação mais viva.
Seria de novo o gérmen que fui, o rosto indivisível.
E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila
e o repouso do ser no ser, os seus obscuros terraços.
Entre rumores e rios a morte perder-se-ia.
António Ramos Rosa in Antologia Poética
11 comentários:
Belíssimo. Um mergulho na útero da terra mãe.
nao!!! Por favor não me apagues!!!!
Como eu gosto dele!
e tudo renasceria verde e limpO!!
tão belO!....................:)
beijO
Tenho um fraquinho especial pelo Ramos Rosa como possivelmente já reparaste, este tem a beleza das coisas tristes, gosto de lhe dar sempre o meu toque, reparei que a un_dress já o fez por mim . Morrer para depois renascer. Feito, folha, feito flor, feito fruto. Árvore!
Um bejo
Linda esta foto e lindo o poema do Ramos Rosa que lhe "assenta" primorosamente. Bjo.
QUERIDA AD ASTRA!
Que o renascer seja um modo de encontrar a serenidade!!!!
António Ramos Rosa, um poeta muito especial!!!!
Bjks, AMIGA!!!!!!
Sabes que o António Ramos Rosa é uma das minhas grandes referências? Quando o descobri, descobri também, pela primeira vez, que as palavras de um poema podiam ser "livres" e essa liberdade, nele, sabe tão bem... beijo grande, para Ti.
Um grande poeta só poderia escrever um enorme poema. No calcanhar do tempo, é onde nos encontrámos à procura de nós mesmos.
Sempre bom encontrar um espaço com Poesia segundo Ramos Rosa.
Um dos meus poetas portugueses favoritos e que não pensava encontrar hoje...
Um dia BOM.
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