18/07/07


Hoje apetece-me partilhar um poema de que gosto particularmente, extraído do livro A Base e o Timbre de Fernando Echevarria, que este ano foi o vencedor com "Obra Inacabada", do Prémio Sophia de Mello Breyner Andresen.

Iluminar-se a análise
por trás de cada ponto da pupila
desembacia a base
de ver. E ver culmina
na ordem luminosa por onde as mãos se fazem
inteligência que desliza
e arde quase
no material que surge análise
da ciência divina.

Benzo-me em nome da melancolia,
ciência teológica que funda
sermos a história reflectida
de não haver nenhuma,
senão a de um espelho que ilumina
os pensamentos da sua face pura
e onde sermos pensados nos inclina
a ver história onde só há leitura
do esquecimento e da melancolia,
ciências da lógica absoluta.

4 comentários:

Joana Roque Lino disse...

Muito bom poema. Gosto imenso da fotografia com o mar a entrar pela terra...

Carlos Ramos disse...

Olá Astra

Engraçado, quando vi aqui este poema do Echevarria, lembrei-me que tinha aqui um livro dele, virei-me para a estante e... descobri que o emprestei a algum ser anónimo que também não se lembrou mais de mim. Também gosto dele. Julgo que os prémios que ganhou são completamente merecidos e a sua poesia merece também a mais ampla divulgação.

Um beijo...

E. Raposo disse...

Sobre a foto não me prenuncio.
Sobre o poema só posso dizer que ganhei uma grande aversão por poesia na minha pubredade. No entanto, e graças às mãos generosas de alguém que muito admiro, voltei a olhar para ela. Esta reaproximação realizou-se pela obra poética de Ruy Belo, A margem da alegria, e posso dizer que não foi nada fácil.
Ad astra penso que terás de me emprestar esse livro.

eu... disse...

não conhecia mas é muito bonito...