"Vê mais longe a gaivota que voa mais alto"
"...Virgilio Gaivota abandonou o Bando,cambaleando pela areia,arrastando a asa esquerda, e caindo aos pés de Fernão.
- Ajuda-me - pediu-lhe baixinho, com voz de moribundo. - O meu maior desejo é voar--.
- Então, vem - disse Fernão.- Sobe comigo e começaremos.
- Não entendeste... A minha asa... Não consigo movê-la.
- Virgilio Gaivota, tu tens a liberdade de ser tu próprio, o teu verdadeiro eu. Aqui e Agora, nada se pode intepor no teu caminho.Essa é a Lei da Grande Gaivota, a Lei que É.
- Queres dizer que posso voar?
- Quero dizer que és livre.
Assim, tão simples e rápidamente, Virgilio Gaivota, abriu as asas, e sem esforço, elevou-se na noite escura.O Bando foi despertado, pelo seu grito bem alto:
-Posso voar! Ouçam! POSSO VOAR! ..."
Fernão Capelo Gaivota de Richard Bach
4 comentários:
Posso, quero, pretendo ser
podendo, basta querer,
mas hoje, só por hoje
translucido, nada em nada, quero ser...
um beijo
Um dia minhas mãos serviram de gaivota, numa interpretação livre dessa mesma obra.
Ainda me lembro como se fosse hoje a sensação de entre as 44 mãos presentes as escolhidas serem as minhas. Sei que não foi pela sua beleza (pois até tenho os dedos meios tortos), mas eu nem questionei, confesso que fiquei amedrontada até engasgada (o que me impediu de recusar). Pensava cá para comigo "porque teria de ser logo as minhas??". Facto é que estavam quietas, facto é que nem as ergui. Aquela angustia acompanhou-me durante todo o tempo de ensaios e no dia da interpretação. Lembro do pano branco, da luz por trás, de elevar as mãos e as fazer dançar ao som do mar, do grito da gaivota... naquele instante julguei mesmo que elas tinham tomado vida. Contudo, a angustia experimentada então ainda me acompanha em todos os voos que julgo impossíveis, no entanto abro asas e "[elevo-me] na noite escura."
"...porque teria de ser logo as minhas??". Facto é que estavam quietas,..."
Exactamente por, mesmo quietas, serem as tuas!
Já vi. É uma imagem gloriosa!
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